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Blog do D.L.

TURISMO ... o que é o que é ?

  • Foto do escritor: David Leslie
    David Leslie
  • 7 de fev. de 2019
  • 4 min de leitura

“Turismo” é uma palavra mágica, usada, pronunciada, aplicada e discutida por milhões de seres humanos nos quatro cantos do mundo e, mesmo assim, não parece, ainda, ter encontrado o seu significado global e definitivo. E, muito provavelmente, dificilmente encontrará este significado pela simples razão de que todas as definições, sugeridas até hoje, não são nem certas, nem tampouco erradas e, muito pelo contrário, todas dependerão de um ponto de vista ... e, acreditem, existem uma quantidade sem fim!.

Milhões de pessoas falam de turismo, uns aos outros, em todas as línguas, cada qual vendo ou sentindo o fenômeno do seu jeito, naquela hora, e de outro jeito em distinta ocasião. Todos sabem o que querem dizer e, ao mesmo tempo, sem saber como explicar as diferentes facetas deste simples e belo vocábulo.

Para chegar ao seu “significado”, muitos se preocuparam em saber qual a origem da palavra para, depois, de forma um tanto obstinada, tentar então construir uma ponte entre esta origem e o sentido contemporâneo da mesma:

# 1811 / Turismo se refere à pratica do “touring”; viajando por prazer (esta definição era utilizada, geralmente, de forma depreciativa). # 1800 / Turista se referia àquele que efetua um “tour” (ou “tours”), especialmente por motivos de recreação; trata-se de quem viaja por prazer, lazer ou cultura, visitando um número de lugares por seus objetos de interesse, por seus cenários ou por outros motivos. # 1760 / Aparece a expressão “to take a tour” (dar um “giro”). # 1746 / Surge outra expressão: “to take a turn” (dar uma volta).

Muitos acreditam que, provavelmente, a palavra “tour”precede o Inglês do século XVIII como galicismo do Francês “tour” (torre).

O pensador Arthur Haulot apresentou a possibilidade de uma origem hebraica quando menciona a própria Bíblia (Números, capítulo XIII, versículo 17) que conta a atuação de Moisés quando este envia um grupo de representantes ao país de Canaã para uma “visita” a fim de receber, posteriormente, informações sobre as condições topográficas, demográficas e agrícolas da região. TUR” é hebraico antigo (e já não existe no hebraico moderno) e correspondia ao conceito de “viagem de descoberta, reconhecimento e/ou exploração”.

Outros pesquisaram o termo “tornus”(em latim) que poderia dar a conotação de “giro”ou, talvez, de uma viagem “circular” (de volta ao ponto de origem), possibilitando a raiz do verbo “tornare” (tornear ou “girar”).

Segundo o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, a palavra turismo é uma adaptação do Inglês tourism, através do Francês tourisme, e que a mesma teria sido introduzida na língua Portuguesa apenas no século XX. Sua definição oficial, de acordo ao Dicionário Aurélio, nos diz que o termo se refere à “uma viagem ou excursão, feita por prazer, a locais que despertem interesse ou, até, ao conjunto de serviços necessários para atrair àqueles que fazem turismo (e dispensar-lhes atendimento por meio de provisão de itinerários, guias, acomodações, transporte, etc.) como, também, o próprio movimento de turistas”.

Entretanto, análises complementares vão mais além da simples raiz etimológica e das definições acima expostas verificando de que, mais do que um excepcional vocábulo, TURISMO expressa uma centena de conceitos que se entrelacem e se cruzam para se re-encontrarem num ponto especifico à conjuntura da referência desejada.

Existem, outrossim, conceitos ainda não “definidos”: Para muitos “turismo” é, também, “viajar”através de novas culturas, costumes, povos, pensamentos, etc. e que “viajar para a Grécia” poderia se constituir no ato de saborear um prato de “moussaka”, apreciando um delicioso “ouzo”, vibrar com o som do “bouzouki”e dançar como no filme “Zorba”, tudo isso no restaurante típico lá em frente de nossa própria casa.

Nem todos se preocupam em enquadrar o fenômeno dentro de padrões econômicos ou, mesmo, na necessária deslocação corporal / física do seu núcleo de residência para outro e, mais ainda, preocupando-se no aspecto que envolve a distância em que este outro se encontra ou qual a razão desta translação, ou se pretende-se voltar / regressar ao seu ponto / núcleo de origem ou partir para outro.

Há, ainda, indivíduos que partem para o absurdo, afirmando: Lendo Pearl Buck, posso “viajar” e me “deslocar” até os mais remotos cantos da China e “viver”, “passear”, “ver”, “conhecer”seus encantos, sua gente, sua terra, seus costumes, suas tradições, etc. O fator “econômico”seria, neste caso, totalmente esquecido mas a “viagem”ou o “turismo”estaria, através deste particular ponto de vista, e de certa forma, presente.

Talvez seja melhor entender o conceito de “fazer turismo” como a “visitação” a um núcleo, sem ficar para residir neste último , não importando os motivos e/ou as razões desta mesma visita.

“Turista” corresponderia, assim, a denominação da pessoa que pratica “turismo” e/ou que conjuga, de fato e de direito, o verbo “turistar” (se este viesse a fazer parte do nosso rico vocabulário).

Em tempo, lembro que o sufixo “tour” (de “tourism” em Inglês) possui a conotação de circuito / roteiro turístico (de duração variável), passeio, excursão, etc. e que este pode ser “adequado” (numa lista praticamente interminável) de acordo às suas características ou qualificações: Sightseeing Tour, City Tour, Adventure Tour, Educational Tour, Shopping Tour, Wine Tasting Tour, Moto Tour, Walking Tour, Familiarization Tour, etc. Devem ser mencionados também os Tour Operators (operadores de turismo que coordenam todas as atividades necessárias e que “dão vida” a realização de circuitos e/ou roteiros turísticos), os Tour Guides (guias de turismo), entre outros.

E, para não terminar, eu perguntaria: Não seria “turismo” a própria vida em si?... Afinal viemos do “além-da-vida” devendo para lá regressar, passeando por esta vida como autênticos turistas, visitando a existência, conhecendo e apreciando a própria consciência.


 
 
 

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